quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Araucaria



















Todo o inverno,toda a batalha,
todos os ninhos do molhado ferro,
em tua firmeza atravessada de aragem,
em tua cidade silvestre se levantam.

O cárcere renegado das pedras,
os fios submersos do espinho
fazem de tua aramada cabeleira
um pavilhão de sombras minerais.

Pranto eriçado,eternidade da água,
monte de escamas,raio de ferraduras,
tua atormentada casa se constrói
com pétalas de pura geologia.

O alto inverno beija a tua armadura
e te cobre de lábios destruídos
a primavera de violento aroma
rompe a tua sede em tua implacável estátua:
e o grave outono espera inutilmente
derramar ouro em tua estatura verde.

Pablo Neruda

Um comentário:

Wanderléia disse...

Adoro essa poesia.
Gosto dos temas que Pablo,se envolve com a natureza.